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O Nome

O Nome

Antes de se chamar Freixo, como sede de uma paróquia medieval com a invocação de Santa Maria, este lugar chamava-se Tongobriga. Prova-o um pequeno altar em granito dedicado ao Genio Tongobricense, isto é, aos deuses protetores de Tongobriga, encontrado no século XIX nas proximidades da igreja paroquial. O nome manteve-se em uso pelo menos até aos finais do século VI, já que, nessa época, designava uma “paróquia” sueva com o nome de Tongobria. Porém, essa é a última referência conhecida a esse nome. Não se regista qualquer vestígio dele na toponímia atual.

São bem conhecidos os topónimos com o sufixo -briga – que significa “colina fortificada” – os quais designam muitos povoados proto-históricos da Península Ibérica, com particular incidência na sua faixa mais ocidental. Este sufixo deriva de uma raiz (-bhurg) partilhada por línguas célticas e por outros grupos linguísticos indo-europeus, a mesma raiz que está na origem dos sufixos germânicos -berg e -burg, bem conhecidos na atualidade por serem a base dos termos “burguês” – que designava originalmente alguém que vive na cidade – e “burgo” – “aglomerado populacional fortificado”, mais tarde generalizado a qualquer núcleo de povoamento concentrado.

É reconhecido pelos especialistas que o aparecimento de topónimos com o sufixo –briga deve ser atribuído, em princípio, à ação e/ou presença de grupos que falavam línguas célticas. Embora estes nomes possam ter origem em povos que falavam essas línguas, eles também foram apropriados por outros, nomeadamente pelos que falavam latim, pelo que a determinação da sua origem, pré-romana ou romana, deve ter em conta, em particular, o prefixo que o acompanha.

O sufixo –briga pode estar acompanhado de vários tipos de prefixos: nomes pessoais, etnónimos e ainda outros topónimos ou adjetivos que qualificam alguma característica da própria colina. Casos há em que esse prefixo revela, sem margem para dúvida, que foi atribuído já em época romana por quem quis homenagear algum personagem (por exemplo, o próprio Imperador, como nos casos de Caesarobriga, Juliobriga ou Augustobriga).

No caso de Tongobriga, ao sufixo foi associado, de forma clara, um nome indígena, bem documentado na Proto-História do Noroeste peninsular: Tongo, que também aparece sob as formas de Toncius / Tongius, Tanginus / Tancinus, Tongeta / Tongetanus.

O nome expressa a vontade de homenagear um personagem de origem autóctone, atribuindo-lhe o nome do próprio povoado. Esse personagem, Tongo, pode ter sido uma pessoa real, eventualmente o próprio líder da comunidade ou aquele que patrocinou a aglomeração de habitantes neste local. Mas poderá também ser uma entidade divina ou personagem mítica, uma figura ancestral de alguém que se reconhece como fundador da comunidade.

De qualquer das formas, o seu nome sugere que a iniciativa da formação de um povoado castrejo com o nome de Tongobriga – ou, pelo menos, a iniciativa de o designar desta forma – não partiu da autoridade romana, mas das próprias populações locais. O nome seria, é verdade, sancionado e mantido pela nova administração romana do território e manter-se-ia, como vimos, para além da queda do Império.

Registe-se também que grande parte da encosta nascente da colina onde se situou Tongobriga ainda hoje se chama Ambrães, um outro nome que sugere igualmente a colonização do local por populações de origem céltica ou, pelo menos, falante de línguas célticas.